sábado, 18 de abril de 2009

De novo, não foi gol!



Pq que não foi gol?

  • Existe sim uma "cantoneira" ou braço lateral em cada esquina das traves no Frasqueirão. Vejam pelas imagens que elas são pequenas e finas. São reforços para as traves, reforços exatamente para chutes como esse de Gaúcho. Como falei elas são pequenas. Não as medi, mas pelo vídeo elas tem um máximo de 30 ou 40cm de altura.
  • A bola oficial tem 22cm de diâmetro. Veja que a bola não bate na esquina superior da trave, mas cerca de 40cm abaixo da quina, já descontando a espessura do travessão. A bola bate, portanto, ABAIXO do braço lateral.
  • O braço (cantoneira) fica dentro do gol. Se a bola tivesse batido lá, a trajetória seria diferente, com toda certeza a bola morreria também dentro do gol. Por uma simples física da "sinuca", a bola batendo na lateral do braço cairia na rede por trás do gol. Para a bola ter saído pela frente de todo o gol (como realmente aconteceu) e ter passado na frente da outra trave, ela inevitavelmente bateu na frente/lateral da trave.
  • Meu colega Abecedista provocou com relação à física. Na verdade a física e a aerodinâmica de uma bola de futebol são matérias extremamente complexas, pelo menos pra mim. A "crise do arrasto" e o "efeito Magnus" são algums dos pontos da física da bola bem interessantes. A "crise" eu consegui entender: é um momento na tragetória da bola que vem em velocidade altíssima na qual ela consegue eliminar em até 80% a resistência do ar. Impressionante isso! O ar próximo à superfície da bola tende a mover-se com ela, criando uma região conhecida como camada limite. A baixas velocidades a camada limite envolve completamente a bola, e o fluxo no seu interior é laminar. Para velocidades maiores a camada limite laminar separa-se da bola e cria uma esteira de baixa pressão (figura abaixo à esquerda). Se a velocidade da bola aumenta ainda mais a camada limite torna-se turbulenta, e ocorre a crise do arrasto. A turbulência faz com que o ponto de separação da camada mova-se para trás na esfera (figura abaixo à direita), diminuindo a área de baixa pressão e reduzindo a resistência do ar. Com toda certeza, os chutes de Gaúcho utilizam essa parte da aerodinâmica da bola.


Abaixo, mais um vídeo que coloquei no youtube que mostra a tragetória da bola, no chute de Gaúcho.

Um comentário:

Anônimo disse...

Alexandre, creio que o chute de Gaúcho se enquadra em uma das duas gravuras que vc colocou, pois no vídeo da intertv cabugi, em slow motion, é possível ver o ar se arrastando, como se fosse uma calda de um cometa...

Parabéns pela explicação!

E o efeito magnus?

...

Agora a "teria de que não foi gol" não me convence simplesmente por eu não acreditar na curva da bola.

Seria possível a curva da bola? Veja que ela toca no chão fora do gramado, na altura da linha da pequena área e apresentando uma trajetória aparentemente retilínia.

Gostaria que vc se possicionasse sobre a possível curva da bola e, mais uma vez, parabéns pela explicação.

Sds Alvinegras.

Abecedista.